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segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Tânato & Phobos - A Morte Moderna

Meu caro, preciso lhe dar uma notícia que talvez você ainda não saiba.Pensei em suavizar esta notícia, pintá-la com as cores mais brilhantes, enchê-las com promessas de Paraíso, visões do absoluto, explicações esotéricas - mas, embora tudo isto exista, não vem ao caso agora.
Respire fundo e prepare-se. Sou obrigado a ser direto e franco e - posso assegurar - tenho absoluta certeza do que estou dizendo. É uma previsão infalível, sem  qualquer margem para dúvidas.
A notícia é a seguinte : você vai morrer.
Pode ser amanhã, pode ser daqui a cinqüenta anos, mas , cedo ou tarde, você.. vai morrer. Mesmo que você não concorde. Mesmo que tenha outros planos.
Pense com todo cuidado no que irá fazer hoje. E amanhã. E nos resto dos seus dias.


(Coelho, Paulo - Maktub. Ed. Planeta do Brasil,2006.)


A morte foi motivo de temor desde o início dos tempos para todos aqueles que desenvolveram a consciência de existir, com todas as ambições e frustrações que são eletivas à quem decide os destinos, ou seja, você mesmo. Muitas vezes a cobrança ultrapassa os níveis naturais de aceitação acabamos por nos encontrar num labirinto que mesmo criamos , e que aumenta toda vez em que não se escuta a  voz interior, os sentimentos puros e bons, e o deixamos de lado.Muitas vezes por vergonha, sim vergonha de assumirmos que somos capazes de perdoar a quem nos machucou ,como se fossemos taxados a partir de então de tolos, os novos bobos da corte; que somos capazes de libertarmo-nos das forças de raiva e mágoa que prendem tolhem e tornam o espírito pequeno e sem visão, mas ainda assim tememos , os rótulos de fracos e sem coragem.
Nietzsche , certa vez ,relatou em um de seus pensamentos, que assumisse o teu eu, o teu verdadeiro eu, sem influência,aquele  sem as mazelas que a sociedade imprimi na personalidade de cada pequeno indíviduo que começa a ter consciência de existir.
Por isso, Liberta-te dos pensamentos que não são teus, das vontades que não te pertecem, e filtra os teus sentimentos para que não se perca no mar negro da ignorância e prepotência,  Defende a tua verdade, mas só até aonde esta é capaz de tornar-te feliz.A verdade foi feita, para  fazer-te  livre.
Na realidade, no fim o destino de todos estes sentimentos, inquietações de espírito, mazelas da alma , encontrarão a sua libertação na tão temida : Morte.